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Do dia 7 ao 11 de setembro de 2025, o professor Alysson Bueno, coordenador do CESTEq - UFSJ, participou do Congresso Europeu de Corrosão – EUROCORR, apresentando os trabalhos de pesquisa desenvolvidos por seus alunos e em parceria com a LabCorr - UFRJ, sob coordenação do professor José Ponciano Gomes. A conferência anual do (EFC), é um importante evento do calendário internacional de corrosão. Tem como objetivo unir forças para soluções inteligentes e sustentáveis no combate à corrosão na sociedade. Atraindo mais de mil delegados, é realizado todos os anos em setembro em um país europeu diferente. O EUROCORR é famoso por seu alto padrão técnico e sua programação social concorrida.

Imagem: Colaborador José Ponciano Gomes e orientador Alysson Bueno no EuroCorr.
Apresentações
Entre os dias 8 e 11 de julho de 2025, os pesquisadores do CESTEq - UFSJ, sob coordenação do Professor Alysson Bueno, participaram da 10ª edição do Congresso Internacional de Corrosão - InterCorr 2025, realizado na USP - SP. O evento tem como objetivo proporcionar uma oportunidade única para a troca de experiências, apresentação de novas tecnologias e debates sobre práticas de controle e mitigação de corrosão.
Os alunos de doutorado Carlos Eduardo, Luan Carreira, Gabriela Moreira, Ricardo Moraes e a aluna de iniciação científica Bárbara Lana, apresentaram suas pesquisas no evento. Alguns dos trabalhos apresentados, foram desenvolvidos em parceria com o LabCorr - UFRJ, sob a coordenação do Professor José Ponciano Gomes.
Apresentações e pesquisas
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Gabriela Moreira
Pesquisa: Avaliação da resistência à corrosão de revestimentos de polianilina
eletrodepositados em aço carbono
Resumo: O aço carbono é amplamente utilizado na indústria de petróleo e gás devido à sua relação custo-benefício e propriedades mecânicas. No entanto, sua suscetibilidade à corrosão causa perdas significativas no material. Nesse sentido, polímeros condutores, como a polianilina, têm sido estudados como alternativa para a proteção de metais suscetíveis à corrosão. O objetivo deste trabalho foi estudar os parâmetros de deposição da polianilina e sua capacidade protetora. A técnica de Cronoamperometria foi utilizada para passivar a superfície do substrato e eletrodepositar o polímero, na faixa de potencial de 1,1 e 1,36 V. Os revestimentos foram caracterizados por microscopia eletrônica de varredura/espectroscopia de raios X por energia dispersiva. Observou-se que a camada passiva influenciou o processo de eletrodeposição da polianilina. Na ausência de passivação do substrato antes da deposição, o maior potencial favoreceu a deposição. Também foi possível observar uma diminuição na taxa de corrosão do aço carbono após o tempo de imersão para as condições testadas, destacando a ação da polianilina contra a corrosão.

Carlos Eduardo
Pesquisa: Impacto das condições estáticas e dinâmicas na corrosão localizada e uniforme do aço carbono API X65 em ambientes de CO2
Resumo: Estudos recentes indicam que a indústria de óleo e gás enfrenta problemas constantes com a corrosão interna em dutos. A presença do dióxido de carbono (CO₂) atua como um contaminante que intensifica os processos corrosivos, um fenômeno conhecido como sweet corrosion. Um aspecto característico deste mecanismo é a formação do carbonato de ferro (FeCO₃), que pode atuar como uma barreira de proteção, reduzindo a taxa de corrosão2. Porém, a corrosão em ambientes com CO2 pode se manifestar de maneiras diferentes, principalmente como corrosão uniforme e corrosão localizada. Ambos os mecanismos são afetados pelo escoamento, pois a turbulência local influencia no processo de transferência de massa e, consequentemente, na precipitação e aderência dos filmes de FeCO3.
Luan Carrera
Pesquisa: Avaliação preditiva do crescimento da corrosão em dutos por meio de modelagem probabilística e simulação de Monte Carlo
Resumo: Dutos são infraestruturas críticas para o transporte de petróleo e gás por longas distâncias, mas são propensos a mecanismos de degradação, como corrosão e danos mecânicos, que podem comprometer a segurança e resultar em perdas financeiras substanciais. Este estudo apresenta uma metodologia integrada que combina análise exploratória de dados, modelagem estatística e avaliação preditiva para avaliar a progressão e a gravidade de anomalias de corrosão detectadas por ferramentas de Inspeção em Linha (ILI). A abordagem foi aplicada a um duto de transmissão de etileno (6 polegadas de diâmetro, aço API 5L X52, construído em 1994), usando dados de inspeção de 1996 e 2002. As principais características geométricas de cada anomalia — como profundidade, área e localização — foram analisadas estatisticamente. Os dados foram ajustados a várias distribuições de probabilidade (por exemplo, Normal, Lognormal, Weibull), com parâmetros modelados como funções de tempo para permitir funções de densidade de probabilidade de forma fechada. A qualidade do ajuste foi avaliada usando gráficos AIC e Q-Q. As distribuições ajustadas foram então utilizadas para estimar as probabilidades de falha segundo a norma ASME B31G, utilizando simulação de Monte Carlo. Os resultados visam melhorar a confiabilidade da caracterização da profundidade da corrosão e subsidiar cálculos de pressão de ruptura mais consistentes.

Ricardo Moraes
Pesquisa: Influência da microestrutura na suscetibilidade à permeação de hidrogênio em diferentes metalurgias de Aços utilizados na indústria de óleo e gás.
Resumo: Fragilização por hidrogênio em tubulações protegidas por Proteção Catódica (PC) é uma das motivações desse estudo. Tal fenômeno pode ser definido como: perda de ductilidade e resistência mecânica devido à difusão de hidrogênio atômico na estrutura. Pela necessidade de mitigar impactos ambientais, o uso de fontes de energia limpa se constitui uma realidade. Tendo-se o hidrogênio verde como fonte alternativa de combustível, surgem desafios em termos de estocagem e transporte e o tema fragilização por hidrogênio ganha maior relevância. Para avaliar o efeito de elementos de liga e microestrutura oriunda de tratamentos térmicos na permeação de Hidrogênio foram realizados ensaios em: aço carbono API 5L X52 e aço inoxidável supermartensítico 13 Cr em diferentes condições. Tais ensaios foram feitos utilizando-se uma célula Devanathan-Stachurski (DS). Aplicou-se um potencial de superproteção catódica de -1,2 V (ECS) simulando efeito da geração de hidrogênio. Pelos resultados é possível concluir que o aço carbono API 5L X52 tem uma densidade de corrente significativa, assim é um material suscetível à permeação de hidrogênio. Após o tratamento térmico do aço carbono API 5L X52, pelo aumento da quantidade de defeitos e descontinuidades pelo resfriamento rápido, tem-se menos permeação de hidrogênio. Já no aço inoxidável supermartensítico 13 Cr, tem-se quase nenhuma suscetibilidade à permeação, só picos de aumento de densidade de corrente, o que pode indicar a existência de pequenos pontos de difusão de hidrogênio

Imagem: Doutoranda Gabriela Moreira apresentando no InterCorr.
Imagem: Doutorando Carlos Eduardo apresentando no InterCorr.
Imagem: Doutorando Luan Carrera apresentando no InterCorr.
Imagem: Doutorando Ricardo Moraes apresentando no InterCorr.
Bárbara Resende
Pesquisa: Avaliação do desempenho de inibidores de corrosão em superfícies pré-corroídas em ambientes com CO2.
Resumo: A presença de produtos de corrosão, como o FeCO3, pode prejudicar a performance de inibidores de corrosão na indústria de óleo e gás. Assim, este estudo avaliou o desempenho de um inibidor em ambientes com CO2 sob diferentes condições de preparo de superfície (sem pré-corrosão, com pré-corrosão a 60°C e 120°C). Os experimentos foram realizados em duas etapas: (1) formação dos filmes de pré-corrosão, visando formar FeCO3, e (2) avaliação da eficácia do inibidor. Na 1a etapa, as amostras foram imersas em solução com 10% de NaCl, pressão de 5 bar de CO2, nas temperaturas de 60°C e 120°C, durante 48h. Na 2a etapa, as amostras foram imersas em solução saturada de CO2, com 10% de NaCl a 60°C, com e sem a presença de inibidor, por 72h. A caracterização dos filmes de pré-corrosão foi realizada através de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) e Difração de Raios-X (DRX). A avaliação da performance do inibidor foi conduzida utilizando Espectrometria de Impedância Eletroquímica (EIE) e Resistência a Polarização Linear (RPL). Os resultados referentes à 1a etapa dos ensaios indicaram a formação de um filme de FeCO3 mais denso e protetor a 120°C. A 2a etapa dos ensaios mostra que o inibidor atua reduzindo a taxa de corrosão em todas as condições de preparo de superfície; contudo, verificou-se que o desempenho do inibidor de corrosão utilizado neste estudo foi superior na condição sem pré-corrosão em relação às demais condições avaliadas.
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Imagem: Aluna de iniciação científica, Bárbara Resende apresentando no InterCorr.
Conheça a pesquisadora que lidera pesquisas de Corrosão com Impacto Global
A jornada científica da Dra. Maria Eduarda Serenário no CESTEq demonstrou desde cedo a profundidade e a relevância dos projetos desenvolvidos no laboratório. Sua pesquisa começou no Mestrado em uma parceria com a AMG Brasil, onde focou em avaliar a resistência à corrosão em altas temperaturas da tinta epóxi (Nb2O5). Essa fase estabeleceu uma base sólida na interface academia-indústria, essencial para sua carreira.
No Doutorado, o foco se expandiu para desafios cruciais, como a análise do impacto de produtos de corrosão em dutos de aço carbono e o desempenho de inibidores. Um diferencial foi a utilização da simulação computacional (CFD) para estudar o efeito do fluxo na corrosão. Essa progressão de estudos não só aprofundou seu conhecimento técnico, mas também a equipou com a metodologia de pesquisa e o senso crítico fundamentais para sua atuação atual.
A experiência no laboratório foi muito além da bancada de testes. A Dra. Maria Eduarda destaca o ambiente do CESTEq como um motor de seu desenvolvimento, afirmando: "A experiência no CESTEq foi extremamente enriquecedora, proporcionando um crescimento profissional e pessoal significativo". Ela ressalta a importância da troca de conhecimentos, onde teve a oportunidade de colaborar com alunos mais experientes e, ao mesmo tempo, servir de modelo para alunos de iniciação científica, o que tornou o intercâmbio de saberes muito valioso. Participar de projetos desafiadores e conferências no Brasil foi crucial para expandir seu networking e se conectar com outros profissionais da área.
Nesse processo, o papel do Professor Coordenador, Alysson, foi crucial. Sua orientação não se limitou ao técnico, mas focou na formação de uma pesquisadora independente. Ele ofereceu suporte constante e orientações valiosas, sempre incentivando a autonomia na pesquisa. Alysson estava sempre disponível para discutir ideias e fornecer feedback construtivo, essencial para o desenvolvimento do pensamento crítico e das habilidades de pesquisa, culminando na sua afirmação: "Sua orientação me ajudou a me tornar uma pesquisadora mais independente e confiante".
A excelência de sua pesquisa no CESTEq abriu as portas para uma experiência transformadora: o Doutorado Sanduíche na Ohio University (EUA). A escolha do destino foi estratégica: o Instituto de Corrosão e Tecnologia Multifásica (ICMT) de Ohio é um centro de excelência, reconhecido mundialmente. "Sempre li artigos de pesquisadores de lá e sabia que era um dos melhores centros de corrosão do mundo", ela relata, destacando que a oportunidade de trabalhar com esses especialistas a motivou a aplicar para a bolsa.
A experiência no exterior consolidou sua formação global, pois o laboratório era muito internacional, proporcionando um rico intercâmbio cultural com estudantes e professores de diversos países. Além disso, a qualidade do trabalho desenvolvido permitiu que ela apresentasse sua pesquisa na maior conferência de corrosão do mundo por dois anos consecutivos, colocando o fruto de sua formação no CESTEq em destaque global.
Atualmente, a ex-aluna aplica todo o conhecimento e senso crítico adquirido em um dos cenários mais desafiadores e futuristas da indústria energética. Trabalhando como pesquisadora na área de materiais e corrosão na Equinor, na Noruega, seu foco é na Captura e Armazenamento de Carbono (CCS), onde lidera estudos sobre a corrosão no transporte de CO2. Seu trabalho também inclui a realização de serviços técnicos, auxiliando e calculando riscos de corrosão em diferentes campos de petróleo e gás da empresa.
Sua motivação permanece na paixão por descobrir novas soluções e na vontade de contribuir para o avanço da tecnologia, sabendo que a colaboração e o intercâmbio de ideias são essenciais para o avanço da pesquisa. Em resumo, ela afirma: "Meu percurso acadêmico foi fundamental para meu cargo atual. O desenvolvimento do senso crítico, a metodologia de pesquisa e os contatos com especialistas na área de corrosão foram extremamente importantes para minha formação e atuação profissional".
A Trajetória de Bernardo, Especialista em Revestimentos de Alta Performance
Esta matéria destaca a jornada de Bernardo, cuja dedicação desde a iniciação científica voluntária no CESTEq o levou a se tornar uma referência internacional em engenharia de superfícies.
A trajetória de pesquisa de Bernardo no CESTEq é um exemplo clássico de como a curiosidade científica, aliada à determinação, constrói carreiras de excelência. Sua história no laboratório começou como aluno de Iniciação Científica voluntário, investigando a corrosão externa em dutos enterrados causada pela ação do solo. Contudo, foi ao se tornar bolsista que seu foco se voltou para um dos maiores desafios da indústria: a corrosão interna em dutos de óleo e gás. Tanto na graduação quanto no Mestrado, seu objetivo foi compreender os complexos mecanismos de formação de produtos de corrosão sob a ação de CO2 e H2S em condições extremas de altas temperaturas e pressões. No Doutorado, sua pesquisa evoluiu para a mitigação de falhas, investigando a capacidade de inibidores de corrosão em frear a corrosão localizada gerada por pares galvânicos em águas de produção, consolidando seu conhecimento técnico.
O interesse genuíno pela área nasceu em sala de aula, ainda em 2014, durante a disciplina de corrosão ministrada pelo Professor Alysson. O entusiasmo do docente pelo assunto despertou no aluno um interesse forte pela área, e o ambiente do laboratório confirmou que aquele era o caminho a seguir na engenharia. Sobre essa vivência, Bernardo reflete: "A experiência de trabalhar no CESTEq foi transformadora para minha vida pessoal e profissional. Foi ali que amadureci como engenheiro e me desenvolvi como pesquisador." Ele destaca o orgulho de ter contribuído para o crescimento do laboratório e a oportunidade de vivenciar experiências únicas que moldaram seu perfil profissional.
Nesse percurso, a figura do orientador foi determinante. Bernardo atribui grande parte de suas conquistas à oportunidade recebida em 2015, quando o Professor Alysson permitiu que ele ingressasse na equipe como voluntário para demonstrar seu potencial. A gratidão é evidente em suas palavras: "O Alysson foi e é uma pessoa muito importante na minha vida... Tudo que conquistei profissionalmente é graças à oportunidade que ele me deu." Essa relação de confiança e mentoria foi a base que permitiu seu desenvolvimento desde os primeiros passos na bancada até os desafios mais complexos de mestrado e doutorado.
A busca pela excelência levou o pesquisador a ultrapassar fronteiras. Para o seu Doutorado Sanduíche, a escolha do destino foi natural e estratégica: o Instituto de Corrosão e Tecnologia Multifásica (ICMT) da Ohio University, nos EUA, mundialmente reconhecido pelos trabalhos do Dr. Nesic e seus colegas. Sabendo que estaria amparado pelos melhores profissionais da área, ele embarcou no que descreve como "de longe, um dos melhores anos da minha vida". A experiência não apenas aprimorou sua capacidade técnica, mas proporcionou um intercâmbio cultural inestimável e a fluência no inglês, fator que ele considera divisor de águas. Ele aconselha enfaticamente aos futuros alunos: "Foquem no inglês porque essas oportunidades fora são transformadoras, em todos os sentidos!"
Hoje, Bernardo colhe os frutos dessa formação global atuando na Noruega, em uma empresa especializada na produção de revestimentos por aspersão térmica. Seu trabalho atual foca na proteção de superfícies, garantindo resistência à abrasão, à corrosão e a altas temperaturas. Ao olhar para trás, a conexão entre o CESTEq, a experiência internacional e seu sucesso atual é clara. Ele finaliza com uma reflexão poderosa sobre o mercado global: "Acredito que se eu não tivesse tido as experiências que tive fora do país... e o doutorado, eu dificilmente estaria aqui. Existem muitas oportunidades fora do Brasil, porém ter um domínio da língua estrangeira e um PhD te fazem se destacar muito em relação aos demais candidatos."






